Enquanto enfrenta problemas na articulação política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem encontrado um refresco nas boas notícias na seara econômica e no desempenho da equipe composta por Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e também por seu vice e ministro, Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).
Após muita desconfiança na época em que foi indicado para comandar a economia no terceiro governo Lula, Haddad tem sido cada vez mais bem-visto por agentes do mercado e políticos de fora da base petista. O ministro da Fazenda frequentemente se encontra com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em suas residências oficiais, além de receber líderes partidários para cafés na pasta.

A atuação do titular da Fazenda foi bem avaliada, inclusive, por Lira, que chegou a sugerir Haddad para o comando da articulação política. A ideia seria que o ex-prefeito de São Paulo ficasse no lugar de Rui Costa na Casa Civil.

Fontes ouvidas no Ministério da Fazenda indicam que a equipe de Haddad recebeu a notícia da sugestão de Lira sem sobressaltos. O paulista já teria sido cogitado para um cargo palaciano no início do atual governo, mas declinou, optando pelo comando da principal pasta econômica.

Além de Haddad, Tebet é reconhecida entre políticos e, por sua condição de ex-senadora, mantém contato próximo aos ex-colegas. Dweck é considerada um quadro mais técnico, mas tem sido vista como igualmente habilidosa no trato com autoridades e políticos.
A negociação do reajuste aos servidores públicos foi fruto de concordância da equipe, que acalmou a base do funcionalismo público sem gerar um problema fiscal maior.

Alckmin é um dos principais responsáveis pela construção de pontes com setores que tradicionalmente apresentam mais resistência ao PT, como empresários do agronegócio.
É Alckmin quem recebe a maior parte do empresariado e de representantes de partidos de oposição. O vice também articulou com Haddad o pacote de medidas voltadas ao setor automotivo. A formulação do pacote mostrou a sinergia da dupla.

Surfando nas ondas positivas

Enquanto segue sofrendo muito para aprovar suas pautas no Congresso e coleciona derrotas que geram desgaste e manchetes negativas na imprensa, o governo Lula está convivendo com bons números na economia em áreas como valor do dólar, geração de empregos, inflação e PIB (veja mais indicativos abaixo).

Com isso, a comunicação do governo e mesmo os discursos dos ministros e de parlamentares estão apontando cada vez mais para a área econômica, comemorando índices positivos e lançando políticas que têm mais a ver com dinheiro, como o subsídio para a venda de carros, ônibus e caminhões.

Postagem do governo retuitada por Haddad Reprodução/Twitter


Postagem da ministra Simone Tebet Reprodução/Twitter


Postagem de Alckmin Reprodução/Twitter

Postagem do ministro Paulo Pimenta Reprodução/Twitter


Postagem do governo retuitada por Haddad Reprodução/Twitter


Postagem da ministra Simone Tebet Reprodução/Twitter
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Apesar de os assuntos que circulam na preferência da opinião pública variarem, a economia ainda é o tema que mais afeta a percepção da população sobre o governo, avalia o cientista político Rui Tavares Maluf, pesquisador da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

“A economia se entrelaça com todo o resto e afeta de maneira determinante a opinião dos eleitores. Então, é natural que o governo Lula esteja tentando faturar politicamente com esses números”, afirma o especialista.

Tavares Maluf acredita, porém, que seis meses do governo é pouco tempo para mudar rumos da economia e que os efeitos do governo Lula no setor ainda estão por serem sentidos. “Os resultados que a economia está apresentando não derivam necessariamente de decisões do governo Lula. E isso não quer dizer que sejam louros do governo Bolsonaro, afinal ele levou o Estado a gastar muito em sua tentativa de reeleição e prejudicou as contas públicas. Então, muitos números são resultado dos ciclos econômicos globais”, analisa o cientista político.

“Algum crédito também pode ser dado ao Banco Central, que resiste, desde Bolsonaro, às pressões para baixar os juros. Mas também não estou dizendo que o atual governo não fez nada de positivo. A equipe econômica tem demonstrado muito juízo, muita organização e muita capacidade de diálogo entre eles e com setores de fora do governo. Eles inclusive seguram certas atitudes voluntaristas do Lula que poderiam atrapalhar mais do que ajudar”, opina Tavares Maluf.

Metrópole.