Edneia foi baleada na última quarta-feira (27) enquanto estava sentada em um banco da Praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro, conversando com uma amiga. Ela foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste e, em seguida, transferida à Santa Casa, onde permaneceu internada por um dia em estado grave. A morte foi confirmada na noite de sexta-feira (28).
Segundo o tio da vítima, Gilson Manoel da Silva, de 50 anos, a sobrinha tinha ido à costureira, deixado o filho no barbeiro e comprado os chocolates no mercado para presentear as 6 crianças. Quando voltara para casa, por volta das 18h, parou para conversar com uma amiga e foi atingida.
O que diz a família?
Gilson afirmou que a sobrinha foi morta ‘na maior covardia’ e quer saber se o estado se responsabilizará para ajudar o pai dos seis filhos de Edneia a criá-los sem a mãe.
“Isso acontece porque é favela. Acham que o pessoal lá não é ser humano, não é ninguém. Ela vai virar estatística. Vamos brigar, colocar advogado contra o estado, mas é isso, só a polícia tem razão e eles matam mesmo”, disse.
O parente disse, ainda, que os policiais não prestaram socorro à vítima, que foi levada ao hospital por testemunhas. “Nós não somos nada. Estamos jogados às traças. A bala partiu deles [PMs], não foi de bandido”. Ele afirmou que não houve troca de tiros. “O estado vai precaver com o que? Quem vai cuidar da educação das crianças e o trauma que elas vão carregar para toda a vida?”.
Gilson ressaltou que a família está em choque desde o ocorrido. “A gente fica triste em pensar como vai ficar a situação das crianças. […] Você pensa que é fácil a criança olhando de um lado para o outro, chamando o nome da mãe e sabendo que ela não vai voltar mais?”.
Gilson disse que nunca imaginou vivenciar algo assim. Ele disse querer saber quem os policiais queriam acertar com o tiro. “Não tinha ninguém ali na hora de bandido, quem eles queriam acertar? […]. Quero saber se os policiais vão dormir em paz sabendo o que fizeram com a minha sobrinha”.
Sem confronto
A prima de Edneia, Thayna Santos, criticou a postura da PM. “A polícia está dizendo mentira, de que foi troca de tiros. Não houve operação, só três motos da Rocam que passaram […]. Um único tiro vindo do policial foi o que atingiu ela”.
Ela disse que os moradores das comunidades querem viver em paz e criar os filhos com dignidade. “Precisamos de amparo real, afinal, a polícia deveria proteger a população e não destruir a vida de inocentes. […] não é justo tratarem as famílias da comunidade como lixo, como se fôssemos bichos”.