Em Belo Horizonte, segundo o economista Feliciano Abreu, do Mercado Mineiro, o aumento já pode ser percebido antes mesmo do anúncio da petroleira. “Alguns postos que estavam R$ 6,19, ontem (domingo), já passaram, hoje (segunda-feira) de manhã, para R$ 6,29. Postos da Região Centro-Sul, principalmente. Quarta-feira mesmo é que a gente vai ver de fato esse aumento de R$ 0,20”, afirmou.
O consultor e professor de Macroeconomia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ligada à Universidade de São Paulo (USP), Silvio Paixão, estima que o aumento será ainda maior para o consumidor final. “Esse impacto de 7% vai ter, pelo menos, na ponta do consumidor, para o dono do automóvel, de 10%. O empresário vai colocar ainda a margem de lucro sobre os 7% mais os impostos”, avaliou.
A decisão de reajustar o valor do combustível já era esperada, alegam os economistas, devido a influências externas, principalmente o aumento do dólar nas últimas semanas. “Todo mundo sabia que ia ter aumento por causa do dólar e da defasagem grande. Esse aumento é esperado, mas não desejado. O consumidor fica em uma situação muito difícil. Imagina quem trabalha com aplicativo, taxista, busca criança no colégio, roda a cidade toda, isso acaba impactando. Se você pensar 20 centavos em 50 litros, são R$ 10”, afirmou Feliciano Abreu.
Posição partilhada pelo professor Silvio Paixão, que apontou que este aumento vem alinhado à nova política de preços que o Brasil adotou no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em março de 2023, chegou ao fim o Preço de Paridade de Importação (PPI), que influenciava automaticamente o preço interno, e passou a evitar repasses para o mercado nacional em casos de “volatilidade conjuntural das cotações internacionais”. “(O aumento) está em linha com a nova política de preços. O preço está vinculado ao que está sendo praticado lá fora, mais o impacto da taxa de câmbio", afirmou o professor.
Reflexos
A alteração terá reflexos em produtos, como alimentos, citam os economistas. “O petróleo está relativamente estável por volta dos US$ 80, mas o dólar subiu de maneira bastante significativa nas últimas quatro ou cinco semanas e isso acaba se desdobrando no preço dos alimentos”, afirmou Sílvio Paixão. Que prosseguiu dizendo que “quem compra combustível para transportar hortaliças, carne, frango e outros alimentos para o supermercado, esse custo do combustível vai pesar mais em cima do produto”, prevê.