“Passei por dois abusos nos quais eu não fui ouvida”. Esse é o relato de uma das vítimas de denúncia de pedofilia dentro da denominação cristã Testemunha de Jeová. Na época do ocorrido, ela tinha apenas 10 anos e, segundo conta, foi ignorada pelo “tribunal” da doutrina porque não levou testemunhas que pudessem confirmar o crime sofrido.

A organização afirma abominar “o abuso de menores” e considera isso “um crime”.

Entretanto, publicações apoiam práticas que dificultam a punição. A revista “A Sentinela – Anunciando o Reino de Jeová”, por exemplo, serve como um manual para os anciãos da congregação. Em uma das versões afirma que são necessárias, no mínimo, duas testemunhas para que se inicie uma audiência jurídica dentro da igreja contra um acusado de abuso sexual de menores.
Trecho sobre testemunhas mínimas

“Essa regra possui conotação manifestamente discriminatória contra mulheres e meninas e proporciona que o agressor continue praticando essa modalidade de crime hediondo”, explica a Promotora de Justiça (MP-SP) e Presidente do Instituto Pró-Vítima, Celeste Leite dos Santos.

De acordo com ela, como o crime que ocorre na clandestinidade, dificilmente existirão testemunhas.